Wednesday, June 19, 2013

Gleisdorf - Austria

--Há uma versão em português logo abaixo--


If someone had told me that in four weeks I’d have cycled through four different countries, I would definitely not have believed it. Especially coming from such a big country as Brazil, where crossing a country by bike would be really a tough task. But we are in Europe, where it can be done much more easily, and so it has proved to be.

My first stop in Austria was to be in a place called Hollabrunn, but CouchSurfing sometimes identifies people from the surrounding area of a city as being part of that city, and that was how trying to find a place to stay in Hollabrunn  I ended up in Füllersdorf, a very small village with 120 inhabitants, 10 km from Hollabrunn.

And I must say I loved that choice. It was the first time I had stayed in such a small village and also the first time I would be staying with a family. My host lived there with his parents and sister, and they were all very kind people.

I visited their domestic vineyard, tried their wine and had a very relaxing day walking around animals, nature and in the village. What surprised me was that in such a small place I was able to meet two people (not related to each other) who have lived in Brazil. If you think about it, in a village of 120 people, in a remote area of Austria, to find two people who have lived in Brazil is really amazing.

In the evening we went to the "Heuriger" that’s a typical thing of the region, kind of a outdoors restaurant, it's not a conventional restaurant but one where wine producers serve food and wine produced by themselves. With my host's family and other locals who were with us, I had not only my best evening in Austria, but one of the best evenings of this trip. They were such nice people, very funny and gracious.

The day after I headed to Vienna, where at first I wasn't as lucky in choosing my host. I was going to sleep four nights in Vienna, but on my second day the guy where I was staying, woke me up at 5:00 in the morning saying he was going on a trip and I had to leave in one hour. At first I thought it was a joke, but it ended up being not a funny one.

Besides the fact that the guy was a bit weird, I really couldn’t understand what had happened, if I had broken some of his secrets rules or what. The fact is that I was very upset and found it something really rude and completely unusual for CouchSurfing. When you are a CauchSurfing member and you receive a request from someone willing to stay at your place, you can accept or just reject it, and that’s that. But what you are not expected to do is to reject someone’s request while the person is already sleeping on your couch.

 The fact is that sometimes bad things turn out to be good things, and I managed to find a much nicer host, a nice girl who liked Brazil very much, she’s studying Portuguese (and speaks it very well) and her teacher is from my city, Porto Alegre.

I’m so sorry Mozart, but in Vienna I was listening to Brazilian music and speaking Portuguese.

Even though I was in the land of the king of classical music, in Vienna I dedicated my time to contemplating the Austrian monarchy. Among the many places I went to is the Schönbrunn Imperial Palace, summer home of Austrian Emperors for three centuries. A place where you can easily find the figure of Empress Elisabeth, the famous Sisi, an Empress beloved by the people but not so popular at the court of her time.

You can also walk through the hall of mirrors, where at the age of 6, Mozart performed his first concert, for Empress Maria Theresa.

The tour through the palace also conjures up the image of Emperor Francis II, whose aims of achieving political influence were more successful via family alliances than wars. He married his oldest daughter to Napoleon and another of his daughters, Leopoldina, was married to Pedro I, becoming the Empress of Brazil, and mother of Pedro II, the greatest Brazilian Politician of all times.

I also visited the Imperial Treasury, a valuable collection of jewellery, crowns and clothes that covers a thousand years of European history.

And I ended my tour in Vienna in the place where the Austrian Emperors and Empresses ended their tour of this world: The Imperial Crypt, a burial chamber beneath the Capuchin Church. There you can see 107 metal sarcophagi, with the remains of the members of the House of Habsburg.






Leaving Vienna, I camped one night in Aspang Markt and spent the weekend in Gleisdorf, my last stop in Austria. There I had some nice CouchSurfing hosts, who were very engaged in social and environmental issues. On Sunday I went by train to visit Graz, the second largest city in Austria, and not so far from there.

And in an attempt to avoid the Alps and the difficult mountainous area I'd have to cross going from Austria to Italy, I decided to include Slovenia in my route, and not suffer so much on my way south. 

So let's see what Slovenia has in store for us.

Gleisdorf - Austria (Português)

Se alguém tivesse me dito que em quatro semanas eu pedalaria em quatro países diferentes, não acreditaria. Especialmente vindo de um país tão grande como o Brasil, onde a ideia de cruzar um país de bicicleta é realmente uma tarefa árdua. Mas estamos na Europa, onde isso pode ser feito muito mais facilmente, e aconteceu.

Minha primeira parada na Áustria seria num lugar chamado Hollabrunn, mas o CouchSurfing às vezes associa pessoas de uma área ao redor de uma cidade como sendo parte dessa cidade, e foi assim que, tentando achar um lugar pra ficar em Hollabrunn, acabei em Füllersdorf, uma vila muito pequena com apenas 120 habitantes, 10 km de Hollabrunn.

E tenho que dizer que adorei a escolha. Foi a primeira vez que fiquei numa vila tão pequena, e também a primeira vez em que estaria ficando com uma família. Meu anfitrião morava com seus pais e uma irmã, e eram todos muito boa gente.

Visitei sua vinha doméstica, provei do vinho e tive um dia muito relaxante andando entre animais, natureza e na vila. Com o que fiquei surpreso foi que em uma vila tão pequena, consegui encontrar duas pessoas (sem relação uma com a outra) que já moraram no Brasil. Se você pensar numa vila de 120 pessoas, numa remota área da Áustria, encontrar duas pessoas que moraram no Brasil é realmente incrível.

Ao fim da tarde fomos ao "Heuriger", que é algo bem típico da região, um tipo de restaurante ao ar livre. Não é um restaurante convencional, mas onde produtores de vinho servem comida e vinho produzido por eles mesmos. Com meu anfitrião, sua família e outros locais que estavam conosco, tive, não apenas minha melhor noite na Áustria, mas uma das melhores dessa viagem. Eles eram todos muito simpáticos, engraçados e agradáveis.

No dia seguinte, parti para Viena, onde não tive muita sorte escolhendo meu anfitrião. Iria dormir quatro noites lá, mas no meu segundo dia, o rapaz que me hospedava, me acordou às 05:00 da manhã dizendo que iria viajar e que eu tinha que sair em uma hora. Primeiro pensei que fosse uma piada, mas acabou que não era uma muito engraçada.

Apesar do fato do cara ser um pouco estranho, realmente não entendi o que tinha acontecido, se eu tinha quebrado alguma de suas regras secretas ou o quê. O fato é que fiquei indignado, achei aquilo algo grosseiro e completamente incomum pro CouchSurfing. Quando você é um membro do CouchSurfing e recebe uma solicitação de alguém querendo ficar na sua casa, você aceita ou recusa, simples assim. Mas o que não se espera que você faça é recusar a solicitação de alguém quando a pessoa já está dormindo no seu sofá.

Mas às vezes coisas ruins acabam sendo coisas boas, acabei conseguindo encontrar uma anfitriã muito melhor, uma austríaca que gosta muito do Brasil, estuda português (fala muito bem) e tem uma professora que é de Porto Alegre.

Sinto muito Mozart, mas em Viena estava ouvindo música brasileira e falando português.

Embora estivesse na terra do rei da música clássica, em Viena dediquei meu tempo a contemplar a monarquia austríaca. Entre os lugares em que estive está o Palácio Imperial de Schönbrunn, que foi lar de verão dos imperadores por mais de três séculos. Local onde facilmente se faz presente a imagem da imperatriz Elisabeth, a famosa Sissi, uma imperatriz amada pelo povo, mas não tão popular entre a corte do seu tempo.

Atravessei também o Salão dos Espelhos, onde aos seis anos Mozart apresentou seu primeiro concerto à imperatriz Maria Teresa.

O tour pelo palácio também traz a imagem do imperador Francisco II, cujas intenções em alcançar influência política foram bem mais sucedidas através de alianças familiares do que guerras. Ele casou sua filha mais velha com Napoleão e outra de suas filhas, Leopoldina, casou com Dom Pedro I, tornando-se imperatriz do Brasil e mãe de Dom Pedro II, o maior político brasileiro de todos os tempos.

Também visitei o Tesouro Imperial, uma valiosa coleção de jóias, coroas e roupas, que cobre um período de mil anos de História europeia.

Terminei meu tour por Viena, no local onde Imperadores e Imperatrizes Austríacos terminaram seu tour por esse mundo: a Cripta Imperial, uma câmara mortuária abaixo da Igreja dos Capuchinhos. Ali encontram-se 107 sarcófagos de metal, com os restos mortais dos membros da Casa de Habsburgo.

Deixando Viena, acampei uma noite em Aspang Markt e passei o final de semana em Gleisdorf, minha última parada na Áustria. Lá tive a hospitalidade de anfitriões do CouchSurfing, muito engajados em questões sociais e meio ambiente. No domingo fui de trem visitar Garz, a segunda maior cidade da Áustria, não muito longe de lá.

E na intenção de evitar os Alpes e a dura área montanhosa que teria que cruzar indo da Áustria para a Itália, decidi incluir Eslovênia no roteiro, e não sofrer tanto em minha rota rumo ao sul.

Então vejamos o que a Eslovênia nos reserva..

Sunday, June 9, 2013

Mor. Budejovice - Czech Republic

--Há uma versão em português logo abaixo--


When I left Berlin, Dresden was my goal, and it took me three days to get there, I camped two days, in Baruth and Lauchhammer. In Lauchhammer during the night I received a visit from some deer, that were walking around my tent, I wanted to see them, but they went away as soon as they heard me moving. In Dresden I stayed with a host from CouchSurfing, who was also a great guide, showing me the city by bike. The city is really beautiful, with a lot of nice places to visit.
Dresden

During the second world war, Dresden was severely bombed by the allies, when more than 25.000 people died and most of the city was destroyed or damaged. Today it’s difficult to find a building that doesn't show marks from those dark days.

Dresden was my last stop in Germany, and after sleeping two days there I headed to Ústí nad Labem, my first place in the Czech Republic.

It was not a big distance, but what made it hard was the rain and the hilly terrain of the border area. I got as high as 700 meters, which by bike is really tough, and the fog and cold didn't make it any better.

Holland is completely flat, Germany, at least the area I rode through, was also fine, and when I had to go up a steep slope I would just get off the bike and walk up it. But here I couldn't do it, otherwise I would have been walking with my bike the whole afternoon.

By 17:15 I was crossing the border and around 18:00 I was in Ústí. To get to Ústí I had to descend hundreds of meters, which would seem to be a good deal, but it’s not when you are carrying so much weight and with wet road, due to which, at the end of the day, my brakes were wearing out.

In Ústí, I was going to sleep only one night, but my CouchSurfing hosts were such nice people that I stayed for two.

 Ústí nad Labem
The day after I got to Melnik, where something really ironic happened. On a CouchSurfing profile you write about personal preferences, things you like doing, the kind of people you enjoy meeting etc. I can’t remember why I wrote it, maybe to be funny or really practical, but I wrote that amongst the things I don’t like, are snakes, in fact I hate them.

Well, either life is full of irony or my CouchSurfing host didn't read my profile when he accepted my request, because I had to share my guest room with a snake (yes, a snake) even though it was not a poisonous one and was behind glass, it was still a snake.

My two options were: face the snake or find a place to camp. I decided for the hot shower and nice bed. And even though I couldn't forget that there was a snake in the room, I had a good night and left Melnik without a fight with my room mate.

40 km further I was in wonderful Prague, where I slept 5 nights. Sun is definitely a word I can’t associate with the time I spent in Prague; the weather was awful, raining every day. It ended up becoming a state of emergency, with many parts of the city under meters of water, and there was a lot of tension because there could have been a repeat of what happened in 2002, when the river Vltava overflowed, the metro was completely underwater, and the city was in chaos. This time it was not as bad, and they were better prepared, but even so, three people died.

Prague
At no time was I in danger, I was in a safe area in Prague far from the river, in a very nice place. All this bad stuff I only saw on TV and in pictures on the internet. Despite the rain I was able to visit the most important places in the city.

Prague, of course, even when wet is amazing, with its historical buildings, castles, churches, towers and bridges. But what I’ll remember most about Prague (besides the rain) are the nice people I met there; first my host, (it’s not because I know she’s going to read this, haha..) but she was, I must say, a great host and a wonderful person. She’s French but has lived in Prague for more than 20 years, as she said: “it was love at first sight”. Actually, she seems to be more Brazilian than French. She had another Brazilian guest two years ago, and one interesting coincidence is that the girl was also from Porto Alegre, my city in the south of Brazil.

Prague
The second nice meeting was with Jenny, who was my English teacher in Amsterdam. She’s from the UK and since last year has lived in Prague. We had dinner together and had a great time chatting while drinking a Czech beer (my first beer in centuries, since I only drink wine).

I left Prague the same way I arrived: in the rain. And because the bad weather wasn't only in Prague, with floods in many parts of Czech Republic, I was a bit scared. I didn't know what I would face on my way, especially because I couldn't manage to find a host from CouchSurfing in Benesov, and I would have to camp there. Fortunately I found a camping site with facilities nearby and was able to camp safely.

Prague
The day after I rode to Pelhrimov. It was only 62 km, but I was half dead at the end of the day, due to the very hilly area. I didn't have a place to stay, but thanks to the Catholic church of the city I slept in a nice bed.

Yesterday I was able to ride 80 km. It was also hilly, but not so bad. Got to Moravske Budejovice, my last stop in Czech Republic, and also without a place to sleep (I’m getting used to it, haha..)

This time I was more blessed. Besides the bed I had a wonderful dinner and nice people to talk to. The priest of the parish spoke only Czech, but there was one very nice, young nun who was my translator and in the kitchen, a very kind lady, who rapidly heated up my dinner; a delicious soup, a Czech dish, and a cake as dessert.

I ate alone, with two ladies waiting for me to finish (they were ready to go home) and the young nun sat with me, translating my stories. She even gave me some contacts where I can stay in Rome.

That’s why I like simple people: when the lady heard that I was going to Rome, she told me not to forget them when I am in the "holy land". I immediately stopped eating and left the room, came back with my bag, and said: of course I won’t forget you. I gave them my Brazilian flag to sign (my friends in Holland and everyone I meet on my way are signing this flag). They signed the flag and we had our picture taken together.

More than a bed or free food, it’s the small things that really touch me.

Today (06/06) I say good bye to Czech Republic and at the end of the day I’ll already be in Austria. Where the roads will take me doesn't really matter, since everything will just be part of this wonderful dream, that thank God I’m able to be living.

So, let’s keep going..












Mor. Budejovice - República Tcheca

Quando deixei Berlin, minha meta era chegar em Dresden e levei 3 dias pra chegar lá. Acampei dois dias: um dia em Baruth e outro em Lauchhammer. Em Lauchhammer recebi uma visita durante a noite, havia alguns veados (em português tenho que ressaltar que é no real sentido da palavra kkk...) alguns veados caminhando ao redor da minha barraca, eu queria vê-los, mas assim que perceberam meus movimentos, foram-se embora.

Em Dresden, tive alguém do CouchSurfing para me hospedar, que foi inclusive um grande guia, me mostrando a cidade de bicicleta. A cidade é realmente bonita, com um monte de lugares interessantes para visitar.

Durante a segunda guerra mundial, Dresden foi severamente bombardeada pelos aliados, quando mais de 25.000 pessoas morreram, e grande parte da cidade foi destruida ou danificada. Hoje em dia é difícil encontrar um prédio que não tenha marcas daqueles dias obscuros.

Dresden foi minha última parada na Alemanha, e após dormir duas noites lá, marchei rumo a Ustí nad Labem, meu primeiro destino na República Tcheca.

A distância não era grande, mas o que fazia a coisa ficar feia era a chuva e o terreno montanhoso dessa área de fronteira. Alcancei 700 metros de altitude, o que com bicicleta não é brincadeira, e a neblina e o frio não fazem a coisa ficar nenhum pouco melhor.

A Holanda é completamente plana, a Alemanha, ao menos pela área onde pedalei, também não estava mal, e quando encontrava alguma subida mais dura, sempre descia da bicicleta e ia empurrando até em cima, mas aqui não podia fazer o mesmo, se não teria empurrado a bicicleta a tarde toda.

Mas às 17:15 estava atravessando a fronteira e lá pelas 18:00 já estava em Ustí nad Labem. Para chegar até Ustí, tive que descer centenas de metros, o que parece ser um bom negócio, mas não é, quando se carrega tanto peso e a estrada está completamente molhada, por conta disso, ao fim do dia quase não tinha mais freio na bicicleta.

Em Ustí pretendia dormir uma noite, mas meus anfitriões do CauchSurfing eram tão boa gente que fiquei duas noites.

No dia seguinte cheguei a Melnik, onde algo muito irônico aconteceu. No perfil do CauchSurfing a pessoa escreve suas preferencias pessoais, coisas que gosta de fazer, tipo de pessoas que gosta de conhecer e etc.

Não consigo lembrar porque escrevi aquilo, talvez para ser engraçado ou realmente útil, mas escrevi que entre as coisas de que não gosto, estão cobras. Tenho pavor.

Pois é, ou a vida é realmente muito irônica ou meu anfitrião não leu meu perfil quando aceitou meu pedido, porque tive que dividir o quarto de hóspedes com uma cobra (sim, uma cobra) e, embora não fosse venenosa e estivesse num vidro, ainda assim era uma cobra.

Minhas duas opções eram: enfrentar a cobra ou encontrar um lugar pra acampar. Decidi a favor do banho quente e da cama confortável. E mesmo que não conseguisse esquecer que havia uma cobra no recinto, tive uma boa noite e deixei Melnik sem nenhuma briga com a colega de quarto.

40 km depois estava na bela Praga, onde dormi 5 noites. Sol definitivamente é uma palavra que não poderei associar com o tempo que passei lá. O tempo estava horrível, chovendo todo dia. O que acabou colocando a cidade em estado de emergência, com muitas partes alguns metros abaixo d’água. Havia muita tensão quanto ao nível do rio Vltava, que poderia repetir o que aconteceu em 2002, quando transbordou deixando o metrô completamente abaixo d’água e a cidade um caos. Desta vez não foi assim tão ruim, e eles estavam melhor preparados, mas ainda assim três pessoas morreram.

Em nenhum momento estive em perigo, estava numa área segura longe do rio, em um apartamento bacana. Todas essas coisas ruins eu apenas vi pela TV e em fotos na internet. Mas mesmo com chuva foi possível visitar todos os pontos mais importantes da cidade.

A cidade, é claro, mesmo molhada é fantástica, com seus prédios históricos, castelos, igrejas, torres e pontes. Mas o que mais lembrarei de Praga (além da chuva) são as pessoas bacanas que encontrei lá. Primeiro minha anfitriã (e não é porque eu sei que ela irá ler isso kkkk...) mas preciso dizer, foi uma grande anfitriã e uma pessoa maravilhosa. Ela é francesa mas mora em Praga há mais de 20 anos, como ela mesmo disse: “foi amor a primeira vista“, na verdade parece mais brasileira do que francesa. Ela hospedou uma outra pessoa do Brasil, dois anos atrás, e uma coincidência interessante é que a menina também era de Porto Alegre.

O segundo encontro marcante foi com Jenny, minha professora de inglês em Amsterdam. Ela é do Reino Unido e desde o ano passado mora em Praga. Jantamos juntos e batemos um bom papo tomando uma cerveja tcheca (minha primeira cerveja em séculos, já que eu tomo apenas vinho)

Deixei Praga do mesmo jeito que cheguei lá: com chuva. E por conta do mau tempo não ser apenas em Praga, com enchentes em várias partes da República Tcheca, estava um pouco preocupado, não sabendo o que enfrentaria, especialmente por não ter conseguido encontrar ninguém do CouchSurfing em Benesov, e teria que acampar lá. Felizmente encontrei ao redor um camping com instalações, e pude acampar em segurança.

No dia seguinde pedalei até Pelhrimov. Eram apenas 62 km, mas ao final do dia eu estava morto, por conta do terreno montanhoso. Não tinha lugar pra dormir, mas graças a igreja Católica da cidade, dormi numa cama confortável.

Ontem consegui pedalar 80 km, também um terreno acidentado, mas não tão ruim. Cheguei a Moravske Budejovice, minha última parada na República Tcheca, e também sem lugar pra dormir (isso tá virando rotina kkkk...)

Dessa vez fui mais abençoado, além da cama, ganhei uma bela janta e pessoas agradáveis para conversar. O padre da paróquia falava apenas tcheco, mas havia uma gentil jovem freira, que foi minha tradutora. Na cozinha, uma senhora muito simpática, que rapidamente esquentou minha janta. Uma sopa deliciosa, um prato Tcheco e um bolo de sobremesa.

Comi sozinho, com duas senhoras esperando que eu terminasse (já estavam prontas para irem pra casa) e a jovem freira sentada comigo, traduzindo minhas histórias. Ela até me deu alguns contatos, onde posso ficar hospedado em Roma.

Por isso é que gosto de pessoas simples: quando a senhora ouviu que irei a Roma, disse pra eu não esquecer deles quando estiver na “terra santa“ . Imediatamente deixei a cozinha, voltei com minha mochila e disse: claro que não vou esquecer de vocês. Dei pra elas assinarem minha bandeira do Brasil (meus amigos na Holanda e todas as pessoas que conheço pelo caminho estão assinando essa bandeira) elas assinaram a bandeira e tiramos uma foto juntos.

Mais do que uma cama, ou comida grátis, mas pequenas coisas que realmente me tocam.

Hoje (06/06) digo adeus à Republica Tcheca. Ao final do dia já estarei na Austria, e o que menos importa é onde as estradas me levarão, já que tudo é parte desse magnífico sonho que, graças a Deus, estou tendo a oportunidade de estar vivendo.

Então simbora..